A ilusão da melatonina
O Diário - 15 de maio de 2025

Carolina Massarutto Cavarsan, estudante do 3º período do curso de Medicina da FACISB, orientada pelo prof. Robson Aparecido dos Santos Boni
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A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, crucial na regulação do ciclo sono-vigília. Sua secreção ocorre exclusivamente à noite, começando duas horas antes do horário habitual de sono e atingindo seu pico entre três e quatro horas da madrugada. A melatonina é conhecida como o “hormônio da escuridão”, facilitando o processo de adormecer.
O uso da melatonina sintética tornou-se amplamente difundido como uma solução para distúrbios do sono, especialmente a insônia. No entanto, seus benefícios são mais evidentes em transtornos do ritmo circadiano, como o jet-lag em pilotos de avião intercontinentais, transtorno do sono em trabalhadores noturnos ou comprometimento na produção endógena do hormônio. A melatonina pode reduzir o tempo para adormecer em alguns indivíduos, mas não é um tratamento primário para insônia crônica. Adotar hábitos de higiene do sono é a abordagem mais eficaz para promover um sono restaurador. Entre as estratégias recomendadas, destaca-se a manutenção de horários regulares para dormir e acordar, a criação de um ambiente propício ao sono com baixa luminosidade, temperatura amena e ausência de ruídos, e a restrição do consumo de substâncias estimulantes, como cafeína e nicotina, no período noturno. Recomenda-se também a redução do uso de dispositivos eletrônicos pelo menos duas a três horas antes do horário de dormir, já que a exposição excessiva à luz azul emitida por esses aparelhos pode suprimir a produção endógena de melatonina.
Portanto, embora a melatonina desempenhe um papel essencial na regulação do ciclo circadiano, sua suplementação não deve ser vista como uma solução universal para dificuldades relacionadas ao sono. A chave para uma melhor qualidade de descanso está na adoção de práticas que respeitem e otimizem os ritmos biológicos naturais.