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Darcy Ribeiro era…  – Parte 3

O Diário - 19 de fevereiro de 2025

Darcy Ribeiro era…  – Parte 3

Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq

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Ailton Krenak após discorrer sobre a singularidade arquitetônico-social da construção de Brasília, do sonho democrático do período que antecedeu o golpe de 1964, da atuação de Darcy Ribeiro e de outros intelectuais brasileiros no fomento desse sonho e no risco recentemente vivido pela democracia brasileira de sofrer um novo golpe,  afirmou: “Eles [Darcy Ribeiro, Florestan Fernandes, entre outros que ele havia mencionado em outros momentos da conferência] queriam uma democracia com palácios [remetendo-se a Brasília]; eles pensavam diferente daquele discurso trabalhista que acha que pobre pode morar em qualquer lugar; aquele discurso que é muito parecido com o pensamento fascista, que sugere que pobre ‘mergulha no esgoto e sai vivo’. Então a gente não pode ficar de bobeira e ouvir uma frase fascista e uma frase trabalhista sem entender a cumplicidade ideológica que elas implicam”, provocou.

A conferência de Ailton Krenak, que deveria ouvida e/ou lida em nossos cursos de pós-graduação, em especial nos cursos de Letras/Educação e Relações Internacionais, foi atravessada pela convocação ao pensamento livre, não esquematizado nem submetido a estruturas prévias ou excessivamente formalizadas de concepção, que ele demarca como coloniais, próprias de um mundo pouco interessado em efetivamente combater as “crises sistêmicas”. Na esteira desse pensamento, Ailton criticou o excesso de referências ao conhecimento produzido no âmbito dos países desenvolvidos, como se dependéssemos dele para validar o conhecimento produzido por nós, e a mobilização em certa medida acrítica que vem sendo feita da ideia de “pensamento decolonial”. “Sou convidado por muitos de vocês a ler suas teses e dissertações, e então vejo vocês fazendo lá uma ‘crítica decolonial’. Eu fico me perguntando: a gente está na Europa?”, brincou.

A brincadeira, como de praxe, era séria. “Ora, a gente não tem de fazer uma crítica ‘decolonial’, a gente tem de fazer uma crítica contracolonial. A gente tem é de denunciar e detonar o pensamento colonial como uma coisa que se perpetua inclusive a partir da nossa própria maneira de produzir conhecimento. Muitas vezes, pensamos que estamos produzindo novas epistemologias, mas elas estão eivadas de pensamento colonial, cheias de vícios”. Ele concluiu: “Então acalmem-se, pensem e não fiquem repetindo refrão. Refrões são reproduzidos para nos tornar dóceis. Apenas pensem, porque a única maneira de confrontar o pensamento colonial é se opondo a ele no cotidiano, em sua maneira de viver, comer, andar, dançar, falar, pensar. Se você imita a fala do dono, você não se liberta”.