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Ser diferente em uma sociedade desigual

O Diário - 21 de fevereiro de 2025

Ser diferente em uma sociedade desigual

Kleber Aparecido da Silva é Professor Associado 4 do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais e em Linguística na Universidade de Brasília. Foi Visiting Scholar em Stanford University, Penn State University e CUNY Graduate Center, em New York. É Bolsista em Produtividade em Pesquisa pelo CNPq

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O que é ser diferente em uma sociedade dita de iguais? Ter um rótulo, um estigma, uma marca distintiva que circunscreve as expectativas de crescimento e torna aquele sujeito “encapsulado” e, a partir disto, não lhe resta outra opção a não ser a de tornar-se um membro de uma ordem previamente fixada e ter sua vida estruturada por outrem. Como se configura esse ritual de inclusão/exclusão e violência na Educação Básica? Os alunos ditos especiais sempre foram vítimas dessa prática de “encarceramento”. Sentimentos de rejeição fizeram e fazem parte da sua história. Houve época em que os/as alunos/as ditos/as especiais não tinham sequer o direito à vida. Depois, com os sentimentos advindos do Cristianismo, concederam-lhe o direito ao atendimento e alguns cuidados. Não que eles/elas fossem reabilitados/as, antes eram, sim, isolados sob a máscara da benevolência. O que de fato se pretendia era a confinação daqueles considerados diferentes dos demais, pois, ao segregá-los/las, a sociedade livrava-se de suas condutas tidas como antissociais e do constrangimento que eles provocavam.

A inclusão, como discutida na Declaração de Salamanca, defende a inserção do/a aluno/a dito/a com necessidades especiais no contexto da sala de aula regular. Valoriza o diferente, a heterogeneidade e a dessemelhança. Contudo, não leva em conta que há diferença na diferença. Ainda que haja dois surdos ou mais em uma mesma sala de aula, esses alunos apresentarão especificidades biológicas, sociais, econômicas e culturais. O movimento de inclusão, da forma como vem sendo implantado na escola qualificada como inclusiva, parece-me, guarda algumas semelhanças com a história da Cinderela. A escola - sapatinho da “Cinderela” – não é mudada para receber apropriadamente o aluno dito especial (surdo, cego, trabalhador rural, menino de rua, paraplégico). Agrupados todos os alunos num mesmo espaço, espera-se que sentimentos de tolerância, aceitação e benevolência “nasçam” através de “geração espontânea”.

Acredita-se que a inclusão propicia o enriquecimento das (inter)relações entre os alunos “normais” e os alunos ditos especiais. Essa suposta valorização dada às diferenças, decretada por meio de documentos legais criados para este fim, oculta sutilmente, o desejo de homogeneizar os sujeitos, de diluí-los e eliminar suas diferenças. Como é complexo e até certo momento traumatizante ser diferente em uma sociedade tão desigual!.