/*! This file is auto-generated */ .wp-block-button__link{color:#fff;background-color:#32373c;border-radius:9999px;box-shadow:none;text-decoration:none;padding:calc(.667em + 2px) calc(1.333em + 2px);font-size:1.125em}.wp-block-file__button{background:#32373c;color:#fff;text-decoration:none} .g { margin:0px; padding:0px; overflow:hidden; line-height:1; zoom:1; } .g img { height:auto; } .g-col { position:relative; float:left; } .g-col:first-child { margin-left: 0; } .g-col:last-child { margin-right: 0; } .g-1 { margin: 0 auto; } @media only screen and (max-width: 480px) { .g-col, .g-dyn, .g-single { width:100%; margin-left:0; margin-right:0; } }

Olá, seja bem-vindo

Esqueci minha senha
Sobre a mentalidade: demora, mas muda

O Diário - 25 de março de 2025

Sobre a mentalidade: demora, mas muda

PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, historiadora, professora de História e titular da cadeira 7 da ABC – www.karlaarmani.blogspot.com / @profkarlaarmani

Compartilhar


Era 1932, dezembro, o debate no Brasil era a respeito do direito das mulheres ao voto, e os jornais de Barretos não fugiam à discussão. Como advogado e jornalista, Osório Rocha, intelectual que muito iro, escrevia sobre a sua preocupação quanto à nova carta constitucional ofertar às mulheres esse direito, pois, segundo ele, o ambiente da política era sujo e arredio, não contemplando a delicadeza e a sacralidade feminina. Ele, assim como outros juristas da época, associava a concessão do voto feminino ao desmanche da família brasileira e da moral. Um pensamento da década de 1930; óbvio. É muito fácil para mim, mulher do século XXI, discordar dele. Ocorre que é preciso contextualizar a época e as palavras do autor para evitar anacronismo e juízos de valores. Suas palavras apenas refletiam a mentalidade de uma época, onde a maioria se enraizava nas tradições e era arredia a qualquer mudança de padrões. Na história da humanidade, a mentalidade é a que mais tempo demora para se mutar no comportamento humano, por isso encaixa-se na “longa duração”. Ocorre que, mesmo diante dessa visão da maioria, já existia um movimento de vanguarda para dotar as mulheres de seus direitos civis, tanto que a nova Constituição de 1934 oficializou o voto feminino. O ar se renovou.

Em todas as épocas, sempre há quem pensa diferente e ouve as novas gerações. Se não fosse assim, até hoje as mulheres não teriam direito ao voto, à emancipação, ao divórcio e outras conquistas. Diante disso, não consigo deixar de ficar perplexa quando no tempo de agora ainda ouço expressões e comentários de pessoas que parecem ter ficado lá na década de 1930; sem sequer ter nascido nela. São diversos exemplos, mas escolho o clássico: “por trás de um grande homem, há sempre uma grande mulher”. Não entendo o motivo de homens, geralmente mais velhos, ainda reproduzirem essa frase tão arcaica para justificarem seus feitos. Ela não combina com o mundo de hoje, não é elogio, não justifica pensamento nenhum e nem cobre a masculinidade, ao contrário, a encaixa em um ado já ultraado e morto. Nem mesmo as mulheres conservadoras aceitam ouvi-la. É necessário oxigenar-se, ouvir os ecos das novas gerações e mudar a mentalidade. Fica aqui a reflexão e o convite a quem ainda insiste em viver em 1930.